Novas
descobertas sugerem que é mais complicado do que os cientistas pensam
Todos os
dias nossos cérebros se confrontam com decisões de último minuto. Ajustamos
nosso passo para evitar um caminho escorregadio; quando dirigindo cansados
procuramos um lugar para parar; mudamos a direção de nosso braço antes de
golpear uma bola de tênis.
Cientistas
há muito aceitam que nossa habilidade de parar abruptamente ou de modificar um
comportamento está relacionada com uma única área dentro do córtex pré-frontal,
uma área envolvida no planejamento e em outras habilidades substanciais. Ao
estudarem outras partes em humanos e macacos, no entanto, uma equipe da Universidade
Johns Hopkins concluiu que as decisões de último minuto são muito mais
complicadas do que se acreditava – envolvendo complexa coordenação neural entre
múltiplas áreas. As descobertas talvez ajudem os cientistas a revelarem
aspectos relativos a dependência e a entender as razões das
quedas se tornarem significativamente comuns conforme envelhecemos.
Os dados, publicadas na revista acadêmica “Neuron”, revelam que abdicar de
um comportamento envolve intercomunicação dentre várias regiões do cérebro. Como
resultado, mudar de ideia (mesmo após alguns milésimos de segundos depois de
tomarmos uma decisão) é frequentemente muito tarde para alterar um movimento ou
um comportamento. Usando ressonâncias magnéticas (dispositivo que monitora a
atividade cerebral em tempo real), a equipe do Johns Hopkins descobriu que para
reverter uma decisão é necessária a comunicação de modo veloz entre duas zonas
especificas dentro do córtex pré-frontal e outra estrutura próxima chamada de "campo
de olho frontal", uma área envolvida no controle do movimento dos olhos e
na “consciência visual”.
A líder
do estudo Kitty Xu – anteriormente uma graduanda na Hopkins e agora uma
pesquisadora da rede social Pinterest –, explica que quando se trata de decisões
rápidas, quanto mais uma decisão se perpetua no cérebro, há mais dificuldade
em reverte-la. “Interromper um comportamento requer uma coreografia rápida
entre várias áreas distintas, nossa pesquisa mostrou”, ela
acrescenta. “Se mudamos de ideia sobre pisar no acelerador alguns milésimos
após decidirmos aperta-lo – a comunicação já teria sido feita e enviada aos
nossos músculos –, simplesmente não conseguiríamos parar.” Ela ainda ressalta que se
mudarmos de ideia em aproximadamente 100 milésimos de segundo antes de tomarmos uma decisão, poderemos altere-la. No entanto, se esperarmos 200 milésimos,
poderemos não sermos capazes de trocar de planos. Em outras palavras, talvez ganharemos
uma multa por velocidade ou não conseguiremos evitar de rolar pelas escadas. Conforme envelhecemos, nossa comunicação neural diminui, contribuindo para mais
ocorrências semelhantes, Xu acrescenta.
Para
identificar as regiões envolvidas na suspensão de uma decisão, o novo estudo
recrutou 21 pessoas para uma versão modificada de um teste de sinais comumente
usados em estudos da neurociência comportamental que envolve abdicar de um
comportamento planejado. Pacientes submetidos a ressonância magnética eram
instruídos a olharem para um monitor, fixando seus olhos em um ponto
quando ele surgisse na tela. Mas quando eles fixavam seus olhos, um ponto
colorido aparecia, os incitando a olhar para o novo estimulo. Os
pesquisadores analisavam quais áreas do cérebro eram ativadas durante tais
tomadas de decisões e depois de terminarem o teste. Para confirmar seus
resultados os autores do estudo realizaram o mesmo teste em um único macaco,
utilizando de um eletrodo implantado. Assim, eles viram atividades em áreas
análogas aquelas reportadas nos testes com humanos – quando eles paravam de olhar
para os primeiros em detrimento dos coloridos.
Rastrear
tais movimentos oculares e sua atividade cerebral, permitiu aos pesquisadores
estabelecerem quais áreas se relacionam com as decisões imediatas, diz o
pesquisador Jeffrey Schall da Universidade de Vanderbilt – que não participou da
pesquisa. “Ao combinar as imagens da ressonância magnética com a
neurofisiologia de macacos os pesquisadores unem tópicos de pesquisa que há
muito eram vertentes separadas,” ele acrescenta. “Se conseguirmos entender como
o cérebro para ou evita uma ação, talvez ganhemos a habilidade de aprimorar
nossa tomada de decisão, proporcionando aos indivíduos mais controle sob suas
escolhas.”
Xu espera
que tais informações sobre como é difícil para o cérebro alterar planos – uma
tarefa que fica cada vez mais difícil quando envelhecemos, pois, a comunicação
neural naturalmente diminui –, possa eventualmente ajudar os pesquisadores a
estabelecerem formas de intervenção, nos ajudando a decidir mais rapidamente e de modo mais seguro. No curto prazo ela espera ajudar idosos a evitarem quedas e a mudar a impulsividade de pessoas
dependentes.
“Quanto
antes eu possa me livrar dos meus planos de beber ou de usar drogas,” ela fala,
“menos probabilidade terei de realiza-los.”
Artigo original: https://www.scientificamerican.com/article/the-neuroscience-of-changing-your-mind/
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